Ilegalidade para lutar contra a crise



Em busca de uma vida melhor, imigrantes sobrevivem na economia informal

BONSUCESSO — Uma das principais vias da zona norte, a rua Cardoso de Moraes, localizada no centro do bairro de Bonsucesso, é o retrato da triste realidade de imigrantes sul-americanos e da desordem pública da cidade. Do número 7 ao 115, além das calçadas desniveladas, esburacadas e estreitas, os pedestres dividem o apertado espaço com ambulantes em sua maioria irregulares.
Misturados à população do bairro, esses imigrantes disputam cada pedaço de calçada com camelôs, na luta pela sobrevivência. É o caso do equatoriano, Luis Henrique, 39, que está no Rio de Janeiro há três anos e trabalha como vendedor ambulante: “Deixei meu país por conta da crise econômica”, disse.
Não bastasse o desajuste financeiro desenfreado que se alastra por diversos setores econômicos da nossa cidade, países vizinhos do Brasil passam por situação semelhante. A incerteza tomou conta de boa parte da América Latina provocando o êxodo de centenas de pessoas que, ironicamente, vêm buscar refúgio em solo brasileiro.
- Vim trabalhar com meu primo, ficamos juntos por um ano e hoje trabalho para mim – explica.
Situação semelhante à de Bonsucesso ocorre no Centro do Rio de Janeiro, onde mais imigrantes se encontram em iguais condições de trabalho. Sobre essa questão, o equatoriano comentou que ao chegar na cidade, escolheu como ponto a Central do Brasil, mudando depois para o bairro da zona norte, onde acabou permanecendo, pois considerou o lugar com melhores oportunidades de vendas.
Os ambulantes da cidade em sua maioria, vendem produtos que copiam marcas famosas, os chamados produtos piratas, espalhados em sobre uma lona na calçada. Sobre isso, Luis Henrique comentou que, “a fiscalização da Guarda Municipal não está perturbando muito, mas a Polícia Civil que chega e carrega tudo”. Acrescentou ainda que, no mês de julho de 2017 perdeu muitas mercadorias em uma dessas fiscalizações.
Para Luis Henrique, a maior dificuldade foi ter que fazer a dolorida escolha de deixar a família em seu país de origem para tentar uma vida melhor aqui. Ele foi trazido pelo desemprego e a dificuldade de sobreviver de vendas em seu país como faz no Brasil. Há três anos morando no Rio de Janeiro, ele diz que nem sempre é possível ligar para a família e diminuir a saudade: “Há três anos não vejo minha filha e minha esposa. Quando saí do meu país, ela tinha dois anos, não estou vendo ela crescer”. Para outros as dificuldades vêm do fato de terem de trabalhar com seus filhos expostos ao sol e a todo o tipo de desconforto, pois ficam muitas horas do dia nas ruas.

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